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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Olhos cansados


Me contenho. Lembro dos bons modos. Da boa educação que tive. De falar baixo, mas forte... decidida. Da seriedade...

Grito em minha casa, entre quatro paredes. No território que é só meu. Não exponho e nem me exponho. Não lamento, vou em frente, avante, adiante, rente e convicta. Meus ombros e olhos cansados me fazem lembrar que preciso de sossego, paz, uma dose de amor e respeito. Minhas alma calejada, gatilho mais um tiro certeiro rumo a paz. Essa paz difícil de encontrar no outro, mesmo sabendo que o outro é só o outro.
Hoje não me reconheço mais. Tenho até medo de mim, das minhas intenções e do meu coração. Permaneço olhando um único ponto na parede e tentando livrar meus pensamentos dos maus. Das coisas e das pessoas que me fazem chorar, quando deveriam me fazer sorrir. 

Oh, novamente as pessoas. Elas não devem fazer nada por mim. Tremo só de pensar que não conseguirei ser correta com meus anseios. Sou boa. Boa demais para muitos. Possuo uma superioridade sana, altiva, atributiva. Não aceito qualquer um que possa macular a minha alma, pelo menos não mais. Fecho todas as arestas do meu ser, para você que pensa que pode, assim, entrar sem pedir licença.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Conclusivas

Tentar mais uma vez?! Me recuso. Remar contra a maré sempre foi do meu feitio. Mas essa maré é violenta demais, cansa meus braços e endurece o meu coração. Quero ele mole, como sempre foi. Coração mole, cara quebrada. A ordem sempre foi essa e não serei eu a mudá-la. Quero sorrir do ridículo, da intelectualidade, do meu aparente ostracismo e da pseudoesperteza dos ignorantes. Não gostaria de perder a magia, essa magia que sempre me conduziu aos lugares mais inusitados e ousados do ser: do meu e do outro. Quero seguir rente, convicta e sábia de quem não sabe nada da vida, assim não me retirarei facilmente dela, pois meu ímpeto curioso e incansável não me permitiria. Quero ser uma pena, insustentávelmente leve, assim poderia voar sem rumo, para qualquer lugar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Irênio e Isabel: Amor para sempre

Sinto aquela necessidade de estar mais perto dos meus e triste porque não posso me doar mais. O tempo passa e percebo o quanto nos dedicamos às coisas erradas, aos tempos e pessoas perdidas. Daqui a pouco eles se vão e eu ficarei aqui com a sensação de fragilidade e impotência... de solidão. A eles devo tudo. Mesmo não sendo alfabetizados, fizeram questão de me mostrar o quanto isso foi negativo à vida deles. “Veja nosso exemplo. Não tivemos opções, mas você tem!”. Mostrou isso a todos, indistintamente. E são orgulhosos por eu ter seguido seus conselhos. Estou orgulhosa também, embora na prática, isso não represente muita coisa. Mas somente pelo fato deles se sentirem com a missão cumprida, já me enche de satisfação.

Tenho medo de não conseguir retribuir tudo. Tenho medo de, na correria do dia a dia, não onseguir expressar o quanto os amo. O tempo vai passando rápido e as enfermidades estão chegando bem perto deles. E me bate uma tristeza profunda, tão profunda que mal consigo respirar. Uma sensação ruim de que daqui a pouco o contato físico se finda. O que posso fazer meu Deus para tirar isso de dentro de mim, que me imobiliza, fragiliza e me retém
no mesmo lugar?!

Sinto-me na necessidade de abraçá-los fortemente e nunca mais deixá-los ir. Dar-lhes o
sopro de vida que eles sempre mereceram. Gostaria de ser essa estrela que ela sempre sonhou e que ele, embora silenciosamente, acreditou sempre existir em mim. Nunca mediu esforços para me empurrar para frente. Tremeu com a possibilidade de não conseguir me ajudar diante dos recursos limitados e dos “nãos” da vida. Mas conseguimos pai e mãe. Uma etapa já foi superada. E gostaria muito que ficassem para ver o resto. Ver o que ainda tem pela frente. Fiquem mais um
pouco. Sim, é uma súplica. É um favor que farão somente e exclusivamente a mim.

sexta-feira, 23 de março de 2012

(Des) construindo....



Sonhar. Talvez seja o ponto fundamental de nossa existência. Acreditar que a realidade complementa o sonho e não o contrário. Assim a gente segue sorrindo, com a cabeça erguida, com as aspirações aquecidas. Os tropeços existem e existirão sempre. Na verdade o grande ponto da questão é o que faremos com ele (com os sonhos). Quando as relações não dão certo, o que mais se pergunta é que o que fizemos de errado? Os erros são múltiplos. Entre eles a falta de equilíbrio entre o dar e o receber. A dedicação ou ausência dela e/ou simplesmente a imaturidade. Quando somos maduros diante do outro, percebemos o momento de calar, de se doar, de reconquistar, de usufruir de um momento em detrimento de outro. Aprendemos a respeitar, a arriscar menos, ou simplesmente a não arriscar em atrações passageiras, porque temos a visão clara do que realmente importa. A maturidade serve também para dar um ponto final, reconhecer que não deu certo, que qualquer esforço empregado será tempo perdido. Que aquela pessoa que poderia estar do seu lado faz as suas próprias escolhas e se estas escolhas não têm relação nenhuma com seu bem estar, definitivamente não é para você.

Uma vida de casal significa respeito, amor, admiração, cuidado, tolerância e afeto. Significa estar junto, dizer “vamos conseguir”, não permitir que ninguém deprecie a imagem do ser amado... uns chamam isso proteção, outros chamam de amor e alguns dizem que é a soma dos dois. É importante perceber a hora de parar para não ferir mais, não machucar tanto, deixar ainda um fio de esperança para que no futuro, sem ressentimentos, ainda, quem sabe, possa existir alguma coisa. Não adianta neste momento de decepção, seja por uma traição, desrespeito ou deslealdade, martirizar-se com apelos de gratidão. Não mudará nada. Quem não nasce para ser grato, não nasce e basta. A natureza humana é complexa e personalidade, valores e identidade, na maioria dos casos, são imutáveis. Bem verdade que o amor transforma, beneficia, traz leveza e alegria... mas isso somente ocorre quando o amor é de verdade. Meus pais são casados há 48 anos. No início, lá nos idos da década de 60, eles se separaram e essa parte do amor deles, me faz lembrar de uma frase que diz “O amor só é amor, se não se dobra a obstáculos e não se curva à vicissitudes... é uma marca eterna... que sofre tempestades sem nunca se abalar”. Dizem que é uma frase de Shakespeare. Mas independente de quem seja, quero voltar aos meus pais. Eles se reencontraram quase que por acaso em outra cidade e nunca mais se desgrudaram. Nunca ouvi e nem vi nenhuma discussão entre eles. O único som estranho que já ouvi (o que para alguns filhos pode soar bizarro) foi a trilha sonora do amor de alcova. Definitivamente, meus pais me estragaram.

Queria uma amor assim para mim. Não necessariamente sem brigas, mas com muito amor. Aquele potente, capaz de “não se dobrar à obstáculos”. Quem sabe um dia eu encontro. Mantenho-me na esperança e aconselho sempre: mantenham-se também, porque o destino nos prega peças e algumas vezes essas pegadinhas são deliciosamente amáveis.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mais uma para minha coleção de decepções...

Já tentei não ouvir músicas românticas, já li manuais de como esquecer, já conheci outras pessoas, já chorei litros de lágrimas e fui forte ocupando minha cabeça com afazeres mil. Já me candidatei a uma vaga de emprego em outro estado e tentei me afastar geograficamente, já me senti uma adolescente aos 30, já arranquei (literalmente) meus cabelos, já sorri, quando quis chorar e já chorei muito precisando sorrir. Já perdoei e deixei a esperança vencer o desespero, busquei Deus, amigos, explicações... Já tentei não me abater pela tristeza, já sorri descontroladamente...

Tive ataques psicóticos, síndrome de perseguição e já me encolhi no chão, em um canto qualquer da sala chorando copiosamente... e o que adiantou?! A sensação é que não amadureço, não me convenço e não tenho amor próprio. Sinto-me desrespeitada, constrangida e mal-amada. Perdi o humor, a capacidade de fazer piadas, a leveza da vida... o tempo passa e isso é o mal que me atormenta na atualidade. Medo de continuar a perder tempo, não ser capaz de reconstruir-me, de sair desse quase fundo do poço em que me encontro... Sim, “quase”, uma vez que não quero acreditar que já cheguei lá... e assim sigo, me enganando, sofrendo, triste e sem ânimo. Como podemos ser felizes sozinhos? Alguém me ensina, por favor?! Preciso aprender. Porque começo a me conformar com meu destino ligado à solidão...
É querido, tudo isso é humano, sei disso, mas parece não ser coisa de gente que tem sentimento e sensibilidade... esse mal que você faz, parece coisa de gente que tem sangue sim... mas de barata. Que me perdoem as baratas!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Noite fria

Oi amor,

aqui é tarde e não consigo dormir...são 4h26min e me sinto um pouco triste.Soube de coisas do passado que me fizeram entrar em um escurecimento d'alma enorme. Meus pensamentos são confusos e não sei direito a quem recorrer. Não tem nada a ver conosco amor, meus sentimentos por você estão cada vez mais inabaláveis. Tem a ver como fato de eu não conseguir superar alguns sentimentos que se tornaram mesquinhos e tem me diminuído como pessoa e principalmente como mulher.

Quero escrever tudo que sinto, mas não sei por onde começar. O mundo é estranho amor... as pessoas não se preocupam com aquelas que as amam e estão somente preocupadas com o seu próprio prazer, mesmo sabendo da superficialidade de seus desejos. Tenho medo do que me espera pela frente: medo das próximas pessoas que terei que conhecer, dos amigos que não são verdadeiros, dos amores que não serão para vida toda, dos profissionais sem ética. Tenho medo de dar um passo a frente e me prendo ao passado, tempo que me faz lamentar muito.

Fiz muitas escolhas erradas... amei quem não era para amar, ajudei quem não era para ajudar e suportei o que não poderia suportar. Não fique confuso amor, só estou te escrevendo isso, por não saber mas com quem conversar e por confiar de que não me achará ridícula. Preciso tanto de você e do seu amor... preciso tanto de seu carinho e otimismo. Não gostaria que essas coisas tirassem o meu sono, mas gostaria de entender melhor como funciona a cabeça e o coração dos humanos.

Saudade amor e gostaria tanto de poder te abraçar e me aninhar por toda noite em seus braços... me sinto só e desolada com a humanidade.

Não se canse de mim e nem de minhas desolações... mas como posso esperar menos de você, se tem estado tão presente em meus momentos? Mesmo de lá, tem sido eficiente no papel de me amar e mostrar caminhos que até agora achei inatingíveis. Sim amor, estou triste e apesar de minha entrada na era balzaquiana ainda me sinto uma adolescente insegura. Como curar essa dor que insiste em me afrontar? É uma pena amor, mas não consigo ser forte como sempre venho demonstrado a você. Permita-me que eu seja fraca ao menos por um momento?! Preciso dessa fraqueza para sentir quem se aproxima de mim para me proteger. O mundo complicou amor... vejo meus pais casados há 48 anos e os invejo. Será que um dia isso será para mim?!

Não consigo dormir e o sono parece algo distante e teimoso, não quer se aproximar. No fundo amor, espero um milagre. Sabe, sempre ouví que quem erra 1 vez pode não errar a segunda, mas quem erra 10 vezes com certeza vai errar a 11a. No fundo sabia que isso era verdade, mas não quis acreditar. Era mais conveniente. A gente sempre tem esperanças nas mudanças, mas ela nunca chegam e nunca chegarão.

Tenho saudade amor e espero que tenha paciência em me ler e escutar. Me leva daqui amor, me rouba dessa agonia e tristeza. Não aceito que digam que essas pessoas são meus iguais. Não sou igual a elas.


Quero escrever mais, mas estou tomada pela tristeza e desolação. Sinto-me imobilizada.

Sua Simplesmente