... e olhava com medo os ponteiros do relógio com medo dele passar rápido demais. Medo do passar das horas, do tempo, do presente... ela tinha medo das lembranças duras e infelizes que o tempo deixava para tráz. Medo de um lugar escondido no lado esquerdo de seu cérebro que insistia em divulgar sua melancolia.
Mas tudo continuava escuro, apagado, embora sinta no canto de seus pensamentos uma luizinha tímida que lhe dava um pouco de esperança. Uma esperança estranha de algo que nunca chega. Se indaga cotidianamente e carrega consigo vários "porquês", ensopados de risos discretos e contidos de uma imensa falta de alegria séria. Ela caminha pelas ruas com passos decididos e decisivos, com um olhar firme, mas que esconde na retina seu desafetos mais ternos e cheios de si.
Quem sabe um dia conseguirá entender porque veio a esse mundo, cheio de mulheres como ela, por que veio nessa geração de mulheres carregadas de êgo, independentes, mas carentes de amor verdadeiro do ser que dorme do lado direito da cama. Mas um amor de verdade, sabe, aquele despretencioso. Um amor que só saiba amar, que não queira absorver o melhor dela e roubá-lo para si, mas que queira que o melhor fique para ela.
Um dia, entre as tristezas e as batalhas de um expediente longo como ontem e o amanhã, a mulher se depara com umas linhas que lhe roubam a paz, a quase certeza e a seriedade de uma vida ensaidamente feliz:
"Relaxe, da próxima vez você será minha, somente minha e de mais ninguém. Quero te ver logo."
Uma frase quente, um vulcão incontido entre as linhas, mas pena que a frase de seu quase amante não foi escrita à ela, aliás há muito tempo que ele não escreve o pouco do que escrevia. É confuso. Não. É uma pena...
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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